29 agosto, 2012

A nossa história I

Já passaram dois anos desde que nos conhecemos meu amor.


"Sabe o por que o amor é cego?

Porque a gente não ama cabelo, não ama a roupa, não ama o corpo, não ama a cor dos olhos, e enfim, não amamos o físico. A gente ama o sentimento, a atenção, o carinho e isso não se vê, se sente."



A nossa história não é de novela, não é romântica, não é a mais apaixonante de todas, mas é a nossa história, aquela que teimas em dizer : "O que corri atrás de ti."
E tens toda a razão, mas ainda bem que o fizeste.

O primeiro dia em que te vi, aquele que não te lembras, mas eu sim. Aconteceu na minha segunda tentativa de fazer o piercing na língua, estava com o J., amigo em comum e ele quis ir tomar café a um sítio diferente, fomos lá, eu com a minha língua inchada, sem piercing e ele disse que uma colega de trabalho ia passar por ali. Lembro-me de te ver a entrar no café, mas os pormenores estão difusos, já que não me lembro de tudo. Sei que só te dirigi uma ou duas palavras e foram mais ou menos.
J. - Ela parece uma rapariga não parece? - olhei para ti e respondi um "Sim, nota-se bem." sem grandes palavreados. Pouco mais falamos até porque ias trabalhar.
Agora é a parte em que digo, que me apaixonei naquele momento, que quis logo voltar a ver-te. Mas bem, isso não aconteceu, nem tu te lembras daquele episódio, nem eu sequer pensei mais na tal rapariga que tinha visto.
Quem diria que ias ser a minha vida?
Algum tempo se passou sem dúvida, eu acabada de sair de uma relação, tu a gostares da tua ex-namorada, as duas sem qualquer motivo para voltar a gostar de alguém, ainda apanhadas pelas anteriores pessoas da sua vida.

As coisas começaram a mudar muito depois, sem que ninguém previsse, tu dizes que ainda comentas-te que eras capaz de ter alguma coisa comigo, eu nem me lembro de falar mais contigo. Mas isso agora não é chamado.

E uma noite como qualquer outra, fomos todos sair para tomar um café como fazíamos tantas vezes, a diferença é que nos voltamos a encontrar.

Continua...
SílviaG.


28 agosto, 2012

Meus grandes (pequenos) animais.


Como eu adoro ter este menino enroscado em mim enquanto estudo, o meu pequeno Winnie.

Branco - Malibu ; Riscado - Winnie

Já o irmão mia lá fora com falta de atenção, mas quando vou ter com ele, esconde-se. Os outros andam a passear lá fora, a explorar o enorme mundo que se avista. Ás vezes gostava de ser um deles, explorar, conhecer, sem preocupações.


Até já,
SílviaG.

24 agosto, 2012

Lost




Como é possível a vida mudar tanto em tão pouco tempo? Dividida entre duas paixões e a tentar não me arrepender. Por um lado tentar melhorar a minha vida com quem eu amo, com a minha namorada G., mas por outro acabar o meu curso, tentar um trabalho na minha área.
Por a amar, por não me ver sem ela, decidi fazer uma pausa nos estudos, um ano, mas custa, só que é pior imaginar a vida longe dela, com ela a km de mim sem puder vê-la, tocá-la...
Sinto-me tão perdida sem ti amor, por isso acordei a chorar, porque está a ser demais para mim. Porque quero ter controlo da minha vida, quero finalmente conseguir controlar a minha própria vida, ter controlo das coisas por uma vez na vida.
Quero poder ir contigo e continuar os estudos, como é que faço isso?


Até já.
SílviaG.

22 agosto, 2012

A hora certa






Que seja a hora certa rápido. Estou cansada desta indecisão, de não saber o que fazer com a minha vida, para onde é o caminho certo.

Uma nova forma de comunicar


Por um lado tenho este blog para falar de "problemas" e situações comuns a muitos homossexuais que por aí andam e visitam este blog, por outro lado quero torná-lo mais meu, mais a minha cara, desabafar um pouco, contar a minha história de vida, um lugar onde posso falar de temas mais gerais e também de temas mais privados. Uma pequena frase pode até dizer muito e quem sabe se aquilo que sinto e penso não poderá ser o que alguém aí desse lado também sente e pensa.



"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe."
Oscar Wilde

Como folhear um livro, em todas as páginas e capítulos da minha vida encontro um novo tema, uma nova forma de comunicar algo que se passou e marcou a minha alma. E quero que assim seja uma forma de o fazer, partilhar, afinal esse é o objectivo principal aqui do meu pequeno canto.

Um texto.
Uma frase.
Um poema.
Uma imagem.
Uma só palavra.

Todas elas formas de comunicar aquilo que o ser humano sente e pensa. Porque não fazê-lo aqui? Porque não com uma pequena frase dizer que amo mais que tudo a minha namorada? Que é com ela que quero passar o resto da minha vida? Que ela me irrita, mas que a amo tanto que nem sei como o expressar?

Hoje estou assim...apaixonada :)


Até já.
SílviaG.


16 agosto, 2012

Ignorância

" Eu respeito, mas não compreendo. Duas raparigas ainda vai, agora dois rapazes? Isso é que não me entra na cabeça."

"A ignorância não fica tão distante da verdade quanto o preconceito."
Denis Diderot


Estão a ver estas frases? Estou cansada de as ouvir vezes e vezes sem conta. Ok, respeitar é muito bonito, mas porque é tão dificil de compreender que gosto de pessoas do mesmo sexo? E depois ainda diz que duas raparigas ainda vai, mas dois rapazes já lhe é demasiado complicado?
Eu pergunto sempre, então tu gostas de mulheres certo? Gostas de apreciar rabos femininos, seios e tudo numa mulher. Pronto eu também, simples assim. Quanto aos rapazes a coisa é a mesma, nós gostamos de pessoas, calha serem do mesmo sexo que nós, nada de confuso ou complicado.
Depois vem sempre a mesma resposta, "Isso é porque nunca estiveste com um rapaz a sério.". O caldo entorna nesse momento, mas como sempre mantenho a postura e só lhe digo, "Namorei três anos com um rapaz, com o qual fui muito feliz. Tive outros namorados, mas acontece que me apaixonei perdidamente por uma rapariga, a qual é a minha alma gémea e com a qual não sei viver. E gostei muito de estar com rapazes, mas com raparigas sinto-me completa, e com a G. sinto-me feliz!"
E a conversa pára. Mas como estas existem algumas outras respostas que eu fico como que paralisada com tamanha parvoíce.

E a vocês? Alguma assim mais comum?

Até já.
SílviaG.

10 agosto, 2012

Descobrir-se

Hoje estava a rever uns textos que escrevi já há tempos e dei com um de quando estava confusa com a minha sexualidade.

De certo muitos homossexuais tiveram pensamentos como, "Não posso ser, eu não posso ser homossexual/bissexual!"


"É necessário abrir os olhos e perceber as coisas boas dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão."
Clarice Lispector

Muitos hoje homossexuais assumidos passaram pela fase da negação, eu sei que passei. Aquela fase de, "Não pode ser.". Muita desta negação deve-se também ao facto de termos de nos assumir à família, e isso é terrível, vão aceitar, não vão aceitar...
Antes de tudo temos de nos aceitar a nós próprios, ficar bem com a nossa sexualidade, descobri-la, pode apenas demorar dias, meses ou anos, até nos conseguirmos aceitar a nós próprios, a sermos felizes sabendo que gostamos de pessoas do mesmo sexo e não do sexo oposto como a sociedade nos impõe. Quantas pessoas podem estar agora a passar por isso? Negação e sofrimento porque não conseguem descobrir-se, não conseguem por fim colocar um ponto final e organizar a sua cabeça e o seu coração.
Em primeiro essas pessoas têm de saber que podem falar, que podem e devem tirar as suas dúvidas, falar dos seus receios e esclarecer tudo o que poderem, porque existem neste mundo pessoas que podem ajudar, ou pelo menos esclarecer algumas dúvidas sobre este ponto.

Não temos de ter medo de sermos quem somos, de nos entendermos, de nos assumirmos e aceitarmos, porque temos de estar bem connosco para conseguir enfrentar e dizer ao mundo quem somos, de nos afirmar-mos.


Até já.
SílviaG.










05 agosto, 2012

Filhos

E crianças? Aqueles pequenos seres que nos adoram só porque somos família. Inocentes e queridos. Mas terríveis e adoráveis?

"As crianças são quase sempre felizes, porque não pensam na felicidade. Os velhos são muitas vezes infelizes, porque pensam demasiadamente nela."
Paolo Mantegazza

Aqueles pequenos seres são tão cativantes, chamam-nos a atenção, olham para nós com aqueles olhos e nós derretemo-nos perante eles.
Hoje trago um tema sobre filhos. Namoro vai fazer dois anos, e praticamente desde aí que vivo com a minha namorada. Quero-me casar com ela e quero ter filhos, porque desde que me lembro que adoro os pequenos seres que tanto nos irritam, sim é a verdade. Mas basta ver aqueles olhinhos e toda eu quero um filho, uma criança que me chame mãe. Mas vivendo com a minha namorada, mesmo que já estejamos casadas na altura em que vierem os filhos, como fazemos?

Em Portugal a adopção só por pessoas singulares e com algumas restrições, para inseminação artificial no nosso país é impossível. Que opções nos restam em Portugal portanto? Só a de recorrer a amigos para fazer uma inseminação artificial caseira, mas daqui surgem muitas perguntas. E fora de Portugal? Aí a conversa muda, porque na nossa vizinha Espanha as mulheres solteiras ou homossexuais já podem recorrer à inseminação artificial.

Muitas questões se levantam das duas opções que as mulheres em Portugal têm para poderem criar uma família, estou apenas a falar das mulheres, mas podia estar aqui a escrever sobre todos os homossexuais. É triste ver direitos básicos como constituir família assim mais "escondidos" para os homossexuais em Portugal.

Em breve volto a este assunto.

Até já.
SílviaG.


02 agosto, 2012

Dificuldade das relações


Quem disse que as relações homossexuais eram mais fáceis? Muitos amigos meus têm essa opinião, porque dizem que como são duas pessoas do mesmo sexo se torna mais fácil a convivência, mas a minha opinião é diferente.


"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"
Fernando Pessoa


Então uma relação é uma relação, seja ela homossexual ou não, porque são duas pessoas quese amam e ás vezes se odeiam. E já encontrei uma t-shirt que expressava isso muito bem, a t-shirt apenas dizia: “Some days I love you others i want to sell you online” (Uns dias amo-te, mas outros quero vender-te online).
Uma relação é isso mesmo, e não me venham com histórias que não, que ninguém discute, que não há discussões numa relação saudável, porque as discussões fazem parte e assim tem de ser, ninguém é igual a outra pessoa e as opiniões divergem, os gostos idem. Eu tenho a minha própria história, discutimos, choramos e no final do dia estamos as duas juntas e cada vez nos amamos mais, porque na minha mais modesta opinião, uma relação é isso mesmo, partilhar tudo, bons momentos e maus momentos.

Mas no final as opniões vão alguma vez mudar? Espero que sim e que deixem de dizer que as relações homossexuais são mais simples que as outras, porque qualquer pessoa que esteja numa relação séria, sabe que as relações são complexamente simples, simples porque o amor no meu ponto de vista é simples (nós é que complicamos), complexas, porque são duas pessoas diferentes que se amam e vivem em conjunto.

A vida é um carrosel e as relações a mesma coisa, tanto estamos em cima, no topo, como ficaos em baixo, zangados. Mas no final da viagem a experiência foi inesquecível.

Até já.
SílviaG.