27 julho, 2012

Casamento

Quem nunca teve aquele sonho de casar? Vestido branco (no caso de homens isso muda), uma sala cheia com amigos e familiares e tudo a que temos direito?

"Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais"
Bob Marley"

Desde pequenos que a nossa cabeça é moldada para o casamento como final de uma etapa de relacionamentos, porque os nossos pais estavam moldados para isso, tal como os nosso avós, bisavós e por aí. Actualmente são mais os casais que apenas vivem juntos do que se casam, e para mim até faz todo o sentido, mas será que se um casal homossexual viver junto e alguma coisa acontecer estão os mesmos direitos envolvidos como para um casal heterossexual? Esta pergunta veio-me ao pensamento e ninguém me soube responder. 
Eu penso constantemente nisso, para mim, que nunca tive aquele sonho de casamento, faz-me um pouco de confusão saber que se por exemplo eu tiver filhos e viver com a minha namorada, mas me acontecer alguma coisa simplesmente ela não tem qualquer papel na decisão sobre os filhos, se forem biologicamente ligados a mim. 

Claro que depois de 2 anos de namoro, de vida em conjunto, o casamento é um assunto que se conversa. A minha companheira quer-se casar, e eu também claro, eu amo-a, por isso casar-me com ela é um passo que quero dar, apesar de não ser um papel assinado que vai determinar que eu a amo mais. Só que o facto de ambas querermos ser mães leva-nos a querer casar, para que se seguirmos com o plano de sermos mães conseguirmos depois ter os mesmos direitos que se fossemos um casal dito normal e heterossexual. 

O que acham do tema do casamento?

Até já.
SílviaG.

25 julho, 2012

Sensação de desconforto

Hoje trago aqui uma pequena e curta pergunta que me assustou hoje. 

Nunca se sentiram desconfortaveis com os olhares na rua?

"Sou vulnerável às menores bobagens, às mínimas palavras ditas, a olhares até, e sobretudo, a imaginações"
Clarice Lispector

Esta pergunta foi-me colocada e nem soube como responder. Alguém me quer ajudar? 
Eu e a minha namorada estamos mesmo à vontade quer no trabalho quer com os amigos e familiares (dela), mas e nas ruas? Nos passeios que damos? Nos locais que frequentamos? 
Até agora a minha posição tem sido sempre a mesma, não quero saber se olham, se os casais heteros podem andar de mãos dadas e dar beijos em público porque não podemos nós? Eu pelo menos faço-o, mas sim já senti aqueles olhares das pessoas que estão à nossa volta, olhares de espanto, curiosidade, e também de desconforto e nojo até. 

Mas pergunto eu também, qual a diferença entre estar um casal hetero na rua aos beijos e a passear e um casal homossexual? Para mim a resposta é rápida, nenhuma! Porque todos temos o direito de estar a vontade onde quer que vamos, desde que não faltemos ao respeito a ninguém. 

Esta é a minha opinião. E a vossa?

Até já,
SílviaG.

22 julho, 2012

Uma história importante

Hoje abordo um tema diferente, fora da temática da homossexualidade, mas um tema importante e com o qual convivo diariamente.


A Bulimia e A Anorexia

"Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo."Carlos Drummond de Andrade

Na minha família sou a mais velha entre os três filhos, tenho um irmão e uma irmã. Bem, na nossa infância muita coisa aconteceu, perdemos o nosso pai muito novos, eu tinha 16 e a minha irmã apenas 13 anos, foi muito para nós, fomos todos abaixo, mas conseguimos superar as coisas.
Em 2010, a minha irmã admitiu um problema que se arrastava há já dois anos, ela não comia, a anorexia e a bulimia tal como todas as suas consequências entraram nas nossas vidas, e ela chegou a um estado em que me custava vê-la assim. Mas com ela a admitir finalmente o seu problema, a sua doença conseguimos encaminha-la para uma clínica de tratamento, pois mais nada conseguíamos fazer por ela. Deu entrada pouco antes da passagem de ano e a nova vida tanto dela como nossa começou. As melhorias começaram a notar-se e o programa que ela seguia teve os seus efeitos, mas as saudades custavam, não a víamos, falavamos pouco com ela, mas o objectivo era claro para todos, a cura.

Quando, passado uns bons meses, ela saiu de tratamento as melhorias foram constantes, a alegria tinha voltado à minha irmã, a felicidade que ela emanava era grande. A vida correu bem, mas tal como um toxicodependente, a bulimia e anorexia são doenças para toda a vida, e desde novembro do ano passado que todos sabíamos que ela não andava bem, as mudanças de humor eram notórias, a falta de apetite, entre tantos sintomas que reconhecemos de imediato. 

Os meses foram passando e tudo se agravou, até a um ponto em que nos afectava a todos, ela terminou um namoro de mais de um ano, as confusões eram constantes, não avisava quando saía de casa, nem quando não dormia em casa.

Mas finalmente admitiu perante ela e todos o problema que lhe voltou a assombrar os dias, e quis logo de partida ser internada, e todos concordamos, porque ela é família, porque todos a amamos mais que tudo na vida, e só queremos a alegria nela de volta e que ela se encaminhe. Só que isso leva a estar outra vez sem a ver, sem lhe poder falar correntemente e nestas alturas penso o puder dos correios e das cartas escritas, porque só isso me permite comunicar frequentemente com ela, visto que para chamadas estou longe de casa e não estou presente no dia das chamadas.

A bulimia e a anorexia afectam muitos, centenas talvez, de jovens em Portugal, o querer ser mais magro, mais bonito, leva a uma cadeia enorme de horrores, afecta a vida de muitos jovens e não só, mas também das suas famílias. Se virem alguém que sofra assim, falem, conversem, não deixem essa pessoa chegar ao ponto crucial. Muitos morrem por falta de alimentação, porque não absorvem nutrientes, tudo por uma obsessão ridícula.


Até já.
SílviaG.

18 julho, 2012

A tipica pergunta

Então e namorado/a?

A tipica pergunta de familiares, vizinhos, amigos dos pais que vem sempre à baila. E quando não somos assumidos o que responder? Bem ainda hoje uma vizinha da minha avó que cuidou de mim em criança mer perguntou pela namorado se estava em Aveiro. E a minha resposta foi do mais sincera, "Rapazes? Só dão trabalho, não quero nenhum."
A pobre senhora nem percebeu, mas pronto esta é a resposta que sempre dei e hei-de dar, talvez se toquem de uma vez por todas.

Custa tentar que percebam que é uma pergunta que incomoda, não só porque não somos assumidos perante a ´família, mas também porque estão sempre a fazer a mesma pergunta. E se queremos ser solteiros? E se estavamos concentrados na nossa vida e não queremos uma relação? Parece que para as pessoas que fazem essa pergunta só uma relação é importante.

Vamos lá continuar com as respostas de sempre e tentar que as pessoas percebam que não é por perguntarem mais que têm uma resposta.


Até já.

15 julho, 2012

Como abordar a família?

Mãe eu gosto de raparigas!


"A vida é maravilhosa se não se tem medo dela."
Charles Chaplin




Custa estar ao lado da nosso mãe, de quem me trouxe a este mundo e me criou e não lhe conseguir dizer: "Mãe, gosto de raparigas."
É complicado, mas como as coisas aqui estão não sinto que é o momento certo para contar. Quero poder gritar ao mundo quem sou na realidade. 


"Um dos meus grandes problemas neste momento, já com os meus 22 anos (como passa tudo rápido) é assumir-me perante a minha mãe.
Namorei com alguns rapazes, mas nunca me pareceu certo, correcto até, então notei a minha afinidade por raparigas, sinto-me melhor, mais feliz e completa. E há dois anos atrás conheci a minha namorada, no inicio não sabíamos que iria dar em namoro, o que poderia levar a pensar isso? Eu gostava de outra pessoa e ela também, mas ela lutou, e muito para me conquistar e conseguiu. Estamos a caminho dos dois anos de namoro e felizes, temos o nosso cantinho, sofremos várias peripécias, mas estamos juntas e isso que importa.
Mas com a vida encaminhada, a viver já com ela há 1ano, tenho de contar à minha mãe, mas não é fácil. A minha mãe foi criada de uma certa maneira, numa pequena aldeia, onde tudo que é fora do normal é errado. O meu maior medo é perder a minha mãe. Todas as pessoas me dizem, mãe é mãe, não deixa de te amar, mas mesmo assim, e quando eu não puder ir visitá-la nas minhas folgas? Nas minhas férias?
Tenho um grande medo de a perder e isso afecta-me mesmo muito. E quem vai estar lá para ela? Eu sei que enquanto os meus irmãos vão tendo os seus devaneios estou lá, apoio-a, estou com ela cada vez que o trabalho me permite, mas e se eu lhe falhar? Eles vão lá estar?


SílviaG."


Esta é a minha pequena e resumida história... o que faço? A dor de não lhe conseguir contar consome-me.




Até já.
Sílvia

14 julho, 2012

A História da Mariana

Vou agora apresentar a história da Mariana, a confusão porque ela passou e talvez passe. Afinal todo este mundo é uma descoberta constante. 
Com este testemunho espero que se atrevam a dar o seu, pode ser anónimo se quiserem, basta enviar um email para mim. Qualquer dúvida que tenham também podem contatar-me, quem sabe não sou capaz de ajudar ou até confundir mais :) Tal como os comentários aqui, podem ser confidenciais, não há qualquer problema nisso.


Até já.


"Meus sentimentos são tão confusos que nem ouso mais dizer o que sinto,com medo de errar,novamente!"
Beatriz Shibuya


Testemunho da Mariana;


Ola....sou a Mariana, tenho 23 anos, de Lx.
Vim contar'te a minha historia. 
Era muito pequenina e prematura. Muito protegida pelos meus pais. quando comecei a andar na pre-primaria eu dizia que tinha um namorado que tinha olhos vermelhos e louro. Era o Antonio. LOL....sabia la eu...era criança....
Depois a medida que fui crescendo fui gozada por toda a gente pq eu n fazia o que outros faziam. ate cheguei a humilhar'me a mostrando as partes baixas e eles a porem' me areia...quando cheguei a casa queria contar o sucedido mas morria de vergonha....uma palmada da minha mae...

Mais tarde, aos 13 anos vi duas gajas aos beijos. e achei aquilo estranho pq n foi o que me ensinaram. aquilo incomodou'me e fui embora...mais tarde conheço uma moça que atualmente somos amigas ha 11 anos. cheguei a ter uma mini paixoneta por um rapaz da minha turma mas ele disse que nao gostava de mim naquela altura. Fiquei triste e contei aos meus pais. LOL...eles consolaram'me..e ficou tudo bem

Aos 14 anos a minha miga e eu estavamos a ouvir musica e ela estava a escutar um cantor com o qual ela ficou obcecada durante anos e ainda hoje. LOL....por mim foi por uma cantora que eu ate fantasiava a toda a hora e ficava completamente obcecada....ate a minha amiga ja me chamou LESBICA e eu fula quase que lhe bati. (1a vez que ouvi a palavra) ...depois meti'me sem querer com uma prof, estalando'lhe os dedos. mas eu n tinha apercebido que era ma educacao e ralhou comigo. 

Aos 15/16 anos, eu vou p outra escola e vejo outra cena de miudas....depois eu conheci uma rapariga que me disse que n era tao certinha assim...uma vez n sei que me aconteceu....ia beijando outra rapariga no metro. 

Aos 18 anos, uma mini atracao por rapaz, mas que n quis nada...aos 19 anos fantasias com gajas e cenas parvas que me suscitaram duvidas. pensei que fosse fase de curiosidade. Com 20 anos, vou a um cafe e começo a sentir cenas por uma mulher....calor, labios a tremer, olhos fixos e vidrados nela, arrepios, vontade de lhe sorrir.
Depois destas cenas....eu fiquei maravilhada e um sorriso enorme nasceu em mim. Então aos 21 tive uma experiencia e logo como se n bastasse tive uma paixao platonica que foi uma coisa maluca......eu fikei ano e meio completamente doidinha mas depois foi so sofrimento. 
Por vezes acho que isto tudo e uma fantasia e quando menos esperar....n e nada....sabes o que e essa sensaçao?



Como saber de quem gosto

O título não é propriamente chamativo, mas pronto a imaginação hoje está em baixo.

Imagem retirada da internet
"Beijos não são contratos e presentes não são promessas."
William Shakespeare

Como saber quem és...se gostas de raparigas, rapazes, ou os dois. Por quem te sentes atraído. Nesta postagem vou falar de como soube que gosto de raparigas, como foi para mim descobrir a minha orientação sexual por assim dizer.

Quando tinha uns 7anos talvez, não sei precisar, porque nesse tempo a memória não é a mesma, lembro-me de brincar com uma prima afastada e de dormir a sesta com ela e sempre ficavamos nuas nestas ocasiões. Até aqui nada estranho, afinal eramos apenas crianças, mas desde esses momentos que a minha pequena e aguçada curiosidade de criança se debatia pelo corpo feminino, as suas formas tão pouco pronunciadas naquela idade. O tempo foi passando e vivendo numa pequena aldeia é complicado não seguir o resto das pessoas, por isso essa minha curiosidade foi abafada, reprimida por assim dizer.

Mais tarde, já com os meus 10 anos chegou a altura de ir para a cidade estudar e aí as coisas desenvolveram um pouco, estava num ambiente diferente, mais aberto, com pessoas com uma mentalidade mais aberta e até me lembro de um beijo dado de fugida, num daqueles "verdade ou consequência" jogados nas tardes passadas com os colegas, dado a uma amiga e colega de turma. Mas como talvez muitas pessoas sabem a sociedade não é muito aberta e a minha vontade de falar daquele determinado assunto crescia, mas ficava para mim. Aos 15 anos até cheguei a estar com uma menina especial, mas durou pouco, medo estava presente entre nós, medo do desconhecido principalmente.

O tempo passou e dos 15 anos chegaram os 20, e nessa altura a 200km de distância de casa e com uma mentalidade mais aberta conheci várias pessoas que me fizeram ter a certeza que rapazes não são para mim. Rapazes comigo é uma história passada, admito que ainda estive com alguns mas isso é outro assunto.

Então pronto, é esta a minha pequena e resumida história na descoberta de quem realmente sou. Conta-me a tua. Basta enviar um email a contar a tua história.


Até já.
Sílvia Graça

O projeto

Imagem da minha autoria
"Ser feliz é vocação natural do ser humano." (Paulo Leminski) 

Depois de muito pensar decidi avançar com este projeto.
Um blog para partilhar as minhas experiências de vida, apesar de como dizem ainda ser mais curta que comprida.


Durante estes meus 22 anos de vida já passei por várias experiências, a todos os níveis e é com elas que aprendi a ser como sou hoje a encarar a vida.

Este blog destina-se a todas as pessoas que por aqui passarem, mas sem dúvida para ajudar jovens e não jovens que tal como eu se encontrem numa situação que não é anormal, mas apenas difícil. Ser "diferente" num mundo que ainda nos olha de lado.
Como passar esta fase de nos assumir-mos homossexuais perante todo o mundo. Aqui irei contar como soube, como me assumi, os meus medos, as minhas certezas, as minhas esperanças. Conto também poder utilizar testemunhos de pessoas que queiram contar as suas experiências e aceito todas as opiniões, desde que não ofendam ninguém.


Um até já.
Sílvia